Há uma idade para termos o nosso primeiro carro? Depois de tirar a carta, talvez? Mas quando é que é ideal comprarmos um? Para mim os prazos não faziam sentido. Mas ter um Honda sim. Por isso, acredito que não foi nem cedo nem tarde demais quando decidi comprar um Honda Civic EG5, com 19 anos.
Dar o nosso coração a um carro
Não sei o que despertou o meu interesse naquele carro. Na altura achei-o engraçado. Era pequeno, tinha umas linhas modernas e sempre tinha ouvido falar bem do seu comportamento em estrada. Eu estava ligado ao mundo dos automóveis há dois anos, enquanto trabalhava numa oficina, pelo que percebia alguma coisa deles. Quando descobri o meu Honda Civic EG5, pus um pouco em causa isso. Mas decidi confiar que o destino só me podia reservar coisas boas, já que da Honda só se ouvia fiabilidade pura.
No entanto, o destino decidiu brincar comigo. Comprei sem pensar duas vezes o meu Honda Civic de 92. Mas qual o meu espanto quando me apercebi de que estava estragado. O exterior não estava mau. O interior também não. Mas lá dentro… bem, o carro precisava de um coração novo, já que o dele estava danificado e nesse dia dei-lhe o meu.
Pode um carro antigo, ganhar uma vida nova?
Aquele carro tinha sido a minha primeira conquista pessoal. Se acham que ia desistir dele facilmente, então não conhecem o espírito de um verdadeiro apaixonado pela Honda. Arregacei as mangas e pus-me ao trabalho. O meu carro precisava de uma vida nova e estava pronto a dar-lha uma.
Quando descobri que o meu Civic precisava de um motor novo, a minha família alertou-me que isso sairia bem caro. O meu pai dizia-me que aquele carro não valia a despesa. A minha mãe também. Mas eu mergulhei naquele projeto na mesma.
À medida que o fui estudando, enquanto o desmontava e montava, ganhei um carinho especial por ele. Era como se ali estivesse a nascer uma nova amizade. Foi à conta dele que aprendi a gostar de várias técnicas de reparação. Foi por ele que travei amizade com um senhor que tinha uma oficina, e que me ensinou como o poderia pintar e assim poupar algum dinheiro na sua reparação. Todo o processo durou quase quatro anos, mas cada um desses anos valeram a pena para ver o resultado final.
O meu Honda Civic EG5 transformou-se de um carro que não chamava muito à atenção, mas o menino dos olhos de quem por ele passa. Até a minha família se converteu. O azul escuro, que lhe dava cor, transformou-se num bonito azul claro, inspirando-me numa mota da Honda que um dia vi, o que o fez com que passasse de uma lagarta a borboleta. Dei-lhe também novas suspensões, novos sinoblocos e praticamente todas as peças foram alteradas.
Se passou de um carro esquecido, tornou-se num carro comentado. Confesso que, quando sou interpelado na rua por desconhecidos a perguntarem pelo meu carro, não sei bem como lidar. Às vezes fico com medo que mo risquem ou mo estraguem.
Construir memórias com a Honda
O meu pequenino Honda Civic EG5, de apenas três portas, já me levou a percorrer Portugal inteiro. Nunca me deixou ficar mal. Ao longo destes últimos cinco anos, muitas são as histórias construídas à boleia da Honda. Como quando fui parado pela polícia e já estava a temer uma multa pelo visual mais desportivo do meu carro, quando só me pararam para o elogiar e ainda me disseram “Segue com cuidado e uma boa viagem”.
E depois há o meu avô. Um dia decidiu andar comigo e eu decidi que era uma excelente oportunidade para dar alguma emoção à sua vida pacata. Como pendura, dei-lhe a conhecer o poder de um VTEC e dele só seu ouviu um: “O que é isto, Afonso?!” Acredito que depois desse dia a Honda ganhou mais um fã, mas ao mesmo tempo o meu avô nunca mais deve querer andar de carro comigo. Engraçado foi ter terminado a viagem com pernas bambas e os mil conselhos de cuidados a ter com a polícia e o excesso de velocidade. Ele sabia que o carro tinha potência, só não sabia era quanta.
A Honda é mais do que uma simples marca. É fiabilidade, é beleza e potência. Tudo combinado tornam a experiência de conduzir um dos seus automóveis numa experiência única. Quando me perguntam se quero vender o meu velhinho Honda Civic, rejeito todas as propostas. Afinal de contas, espero ter a oportunidade de o ver a conhecer os meus filhos e quem sabe, transitar para eles.
Afonso Peralta
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