Este artigo é sobre a história de um dos roadsters mais aclamados de sempre: o Honda S2000. Um modelo que ainda hoje, volvidos mais de 20 anos desde o seu lançamento, consegue colocar em sentido muitos desportivos modernos.
Vamos recuar até 1999. Um dos anos mais importantes na história da Honda. Afinal de contas, não é todos os dias que se celebram 50 anos de sucessos comerciais, desportivos e tecnológicos. Cinco décadas de história que antes do final do milénio viu mais uma estrela juntar-se à companhia.
Falamos do Honda S2000, um modelo produzido com dois propósitos. Celebrar os 50 anos de história da Honda e, não menos importante, reafirmar os seus valores da Honda enquanto marca: fiabilidade, vanguarda tecnológica, capacidade técnica, história e design. O Honda S2000 era a representação de todos estes valores e muito mais.
Representava a pura paixão pelos automóveis. Uma paixão que como veremos nas próximas linhas continua bem viva no coração dos amantes da marca.
Uma história de sucesso
Membro efetivo do restrito clube dos ícones JDM (tal como o Integra Type R) o S2000 deve o seu nome à capacidade do seu motor 2 litros — o aclamado F20C — seguindo a tradição dos S500, S600 e S800.
Presente no mercado durante 10 anos, foram produzidas mais de 110 mil unidades do Honda S2000, um modelo que celebrizar-se-ia, acima de tudo, pela capacidade de fazer rotações como se não houvesse amanhã.
Um motor glorioso que, de resto, era acompanhado por um chassis muito evoluído e uma estética que não deixava ninguém indiferente.
Honda SSM, o embrião do S2000
O S2000 até pode ter sido apresentado em 1999 como uma prenda de aniversário da Honda para si própria, no entanto, a sua história começou uns anos antes, mais precisamente em 1995.
Nesse ano, o Salão de Tóquio viu surgir o protótipo Sport Study Model (ou SSM), um concept com o qual a Honda antecipava o seu regresso aos roadsters. Apesar do visual futurista, no qual se destacavam a ausência de capota e a divisão entre os lugares do condutor e passageiro, a verdade é que este concept já revelava as linhas mestras para aquele que viria a ser o S2000.
Ainda na versão protótipo, o futuro roadster japonês contava com um motor cinco cilindros com 2 litros de capacidade, 20 válvulas e o famoso sistema VTEC associado a uma caixa automática herdada diretamente do Honda NSX (a transmissão F-Matic) que passava a potência às rodas traseiras.
É verdade que as diferenças para o S2000 eram substanciais, ainda assim, ali estavam lançadas as bases do roadster que ficámos a conhecer em 1999.
Um motor (muito) rotativo
Apesar da estética moderna, do interior minimalista e das suas inovações tecnológicas, quando se fala do Honda S2000 o mais provável é que primeiro destaque seja o motor. Há bons motivos para isso.
Designado F20C, esta pérola da engenharia nipónica era uma autêntica ode às qualidades dos motores atmosféricos.
Com uma tremenda capacidade para fazer rotações (o corte surgia apenas a umas gritantes 9000 rpm, valor digno de uma… mota), o F20C contava com 2.0 l de capacidade (1997 cm3 para sermos mais precisos), debitando 240 cv e 208 Nm de binário (250 cv e 218 Nm na versão JDM graças a uma taxa de compressão mais alta).
Ora, isto era sinónimo de uma potência específica de 120 cv/l (125 cv/l na versão JDM), valores que fizeram com que o F20C fosse detentor do recorde de potência específica para um motor atmosférico durante… uma década! O F20C foi ainda eleito “Melhor Motor Internacional” na classe 1.8-2.0 l entre 2000 e 2004, uma prova das suas capacidades (e qualidades).
Já em 2004, com a chegada da geração AP2 o F20C viu a sua cilindrada subir, passando para os 2.2 l. Disponível apenas nos EUA e no Japão, esta variante recebeu a designação F22C1, debitando os mesmos 240 cv e ganhando mais algum binário (passou de 218 Nm para 220 Nm). Já o corte desceu das astronómicas 9000 rpm para as 8200 rpm.
Foco? O prazer de condução
Como não podia deixar de ser, num modelo que fazia do prazer de condução uma das suas principais metas, o S2000 associava o glorioso motor F20C a uma caixa manual de seis velocidades que transmitia a potência ao eixo traseiro equipado com um diferencial autoblocante Torsen.
Ainda ao nível do comportamento, o compacto motor surgia montado atrás do eixo dianteiro, o que permitia uma distribuição de peso 50:50 — algo que era mais comum encontrar em superdesportivos italianos.
Além do chassis equilibrado, o S2000 recorria ainda a uma suspensão independente de duplos triângulos sobrepostos. Já ajudas à condução, nem vê-las, só em 2006 é que o roadster passou a contar com ESP.
Tudo isto contribuía para uma dinâmica de referência, se bem que algo exigente, numa era em que para conduzir um desportivo era preciso pulso firme e convicção em todos os comandos.
Para muitos, é um dos últimos desportivos verdadeiramente puros, onde a eletrónica mais não era do que uma nota de rodapé.
Após 10 anos de mercado, o Honda S2000 viu a sua carreira comercial chegar ao fim com mais de 110 mil unidades vendidas em todo o mundo. Hoje, volvidos 21 anos desde o seu lançamento, custa acreditar que o Honda S2000 tenha mais de duas décadas.
Uma prova do pioneirismo da sua tecnologia, atualidade do seu design e, sobretudo, devoção dos amantes da marca a um dos Honda mais amados de todos os tempos.
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