O Honda FCX (Fuel Cell eXperimental), o primeiro veículo com célula de combustível a hidrogénio da Honda, foi lançado em 2002. Praticamente duas décadas depois, e já na sua terceira geração de veículos fuel cell (Clarity Fuel Cell), a Honda permanece comprometida com o desenvolvimento da tecnologia — faz parte da sua visão para uma sociedade sustentável a hidrogénio.
A razão por detrás desta decisão
Não é difícil perceber as razões desta opção. Basta observar os números, são simplesmente esmagadores. A Honda vende aproximadamente 30 milhões de motores todos os anos — para automóveis, motas e outros produtos —, o que a torna na maior fornecedora de motores do planeta. Como deve imaginar, não interessa o quão eficientes os motores de combustão interna são ou possam vir a ser, pois o ato de queimar combustível gerará sempre CO2.
Não é de admirar que a marca japonesa tenha imposto a si própria a ambição de atingir uma sociedade livre de carbono e para isso, a solução não pode passar pelos combustíveis fósseis. Para esse fim, a Honda acredita que o caminho passa pelo desenvolvimento de veículos elétricos (baterias), veículos híbridos plug-in e, claro, veículos com célula de combustível a hidrogénio.
Diferença entre carros elétricos e a hidrogénio
Os automóveis com célula de combustível a hidrogénio são também automóveis elétricos. A grande diferença para os elétricos a baterias que conhecemos é que os veículos fuel cell produzem a sua própria eletricidade em vez de a armazenarem numa bateria.
Para tal recorrem ao hidrogénio, o elemento mais abundante do Universo, e combinam-no com oxigénio, gerando energia elétrica num processo onde o único “desperdício” é água (H2O). Outra grande vantagem deste elétrico perante outro a baterias? O carregamento, ou melhor, o abastecimento.
Não são precisas horas para esperar que a bateria carregue; os veículos com célula de combustível, como o Honda FCX, possuem um depósito onde o hidrogénio é armazenado — a operação é idêntica à de colocar gasolina ou gasóleo num automóvel convencional. E tal como estes, a operação leva poucos minutos e não horas.
Há que admitir, no entanto, que os automóveis com célula de combustível são uma solução com várias questões por resolver, sobretudo as referentes à produção de hidrogénio e infraestrutura de abastecimento, o que ajuda a compreender o porquê de ao fim de várias décadas de desenvolvimento, ser ainda uma solução com aplicação bastante limitada. Questões essas que a Honda também procura responder para de ir ao encontro à sua visão de uma sociedade sustentável a hidrogénio.
Gerar, Usar, Ligar
Para os automóveis fuel cell funcionarem precisam de hidrogénio. Para tal são precisas estações de abastecimento de hidrogénio. Sem estações de abastecimento não se vendem automóveis a hidrogénio, e sem automóveis a hidrogénio não é comercialmente viável haver estações de abastecimento.
A solução da Honda para este busílis passou por criar as suas próprias estações de abastecimento, as Smart Hydrogen Station (SHS), que são prontas a instalar, garantindo geração local e aprovisionamento.
Os esforços da Honda não se ficaram por aqui. Também criaram unidades geradoras e carregadoras portáteis (Power Exporter 9000), que se podem ligar ao veículo fuel cell, permitindo usar a eletricidade gerada para outro fim, como fornecer energia a uma habitação — um tanque cheio de hidrogénio do Honda Clarity Fuel Cell é capaz de fornecer eletricidade por uma semana — ou até servir áreas afetadas por um desastre natural.
Estes três aspetos: gerar hidrogénio (SHS), usar hidrogénio (veículos fuel cell) e ligar ao hidrogénio (Power Exporter 9000) demonstram o potencial do hidrogénio para uma sociedade sustentável, assente num ciclo energético circular de hidrogénio, livre dos combustíveis fósseis.
O futuro desta tecnologia
Sim, há obstáculos a ultrapassar, como os associados aos custos. A solução passa por tornar os veículos a célula de combustível a hidrogénio mais acessíveis e a única forma de isso acontecer é tornarem-se mais comuns. Nesse sentido, a Honda também formou uma parceria com a GM (General Motors), garantindo maiores economias de escala para a próxima geração de veículos fuel cell.
No entanto, a aposta no hidrogénio é apenas uma entre várias das que a Honda está a efetuar para uma sociedade livre de carbono. O caminho a percorrer é longo — é definitivamente uma maratona e não um sprint.
Partilhar